Brain Hacks ep. 2 | 2023 (Produtividade)

Pílulas de inteligência para fazer mais com menos

Começo do ano. Terminando período de férias e recesso.

Hora de arregaçar as mangas e começar a produzir.

Nós, da Brain Hacks, compilamos dicas de produtividade para agradar todo tipo de paladar.

Eat That Frog + Efeito Zeigarnik

Quem acompanha o perfil lá no Instagram deve ter visto a explicação da técnica eat that frog, do Brain Tracy.

Como os leitores da Brain Hacks são privilegiados, vou contar outro segredo, extraído diretamente do SuperAprendizagem.

Antes, porém, uma rápida explicação sobre o Efeito Zeigarnik. O princípio básico desse efeito é que lembramos com mais intensidade de tarefas não-terminadas. Enquanto a tarefa estiver pendente, o seu cérebro continuará a pensar nela por mais tempo do que o normal. Por outro lado, quando a tarefa for concluída, a tendência é esquecê-la mais rapidamente.  Assim, quando se tem uma noção geral da estrutura da tarefa a ser realizada, há uma tendência de que a pessoa passe mais tempo pensando naquele conteúdo interrompido, aumentando a retenção da informação, gerando novas associações de ideias e criando motivação para continuar a atividade na sessão seguinte.

Em minha rotina de produtividade, uso com frequência o Zeigarnik Effect, complementado com a técnica “eat that frog first (“engula aquele sapo primeiro”).

A técnica eat that frog first se baseia em uma premissa simples: se você consegue comer o seu sapo mais feio primeiro, você se sentirá completamente motivado para seguir em frente. Ou seja, quando fazemos algo valioso e complexo logo no início do dia, o resto vem com facilidade.

Costumo fazer isso com frequência. Em geral, começo o expediente produtivo com a tarefa mais importante e mais difícil, como o julgamento de um caso mais complicado. Quando concluo a tarefa, percebo um ímpeto de motivação que acaba influenciado a realização de outras atividades em um efeito dominó.

Essa técnica é especialmente útil na segunda-feira. Quando começamos a semana com alguma tarefa grandiosa, que nos faça sentir produtivos, a empolgação tende a se refletir por todo resto da semana.

E aqui vem o pulo do gato. No final do expediente, complemento a técnica com o Zeigarnik Effect. Aproveitando a tendência do cérebro de querer terminar o que foi começado, geralmente eu finalizo o expediente iniciando a execução daquela tarefa que desejo ver terminada no dia seguinte. Por exemplo, sempre tento fazer o relatório de um caso complicado para concluí-lo logo no início do próximo expediente. Ao fazer isso, o eat that frog first se tornará bem mais saboroso, além de produzir um pensamento difuso que enriquecerá muito mais a solução do problema.

Eis a melhor desculpa, baseada em evidências, para não fazer hoje o que você pode fazer amanhã!

Método Ivy Lee

Esse é um dos métodos mais famosos de produtividade. E é bem simples.

No final do dia, escreva as seis tarefas mais importantes que você precisa fazer no dia seguinte. Não escreva mais do que seis.

Hierarquize essas seis tarefas de acordo com a sua importância.

No dia seguinte, você deve se concentrar prioritariamente na primeira tarefa. Só passe para a segunda, quando a primeira estiver completa.

Faça a mesma coisa ao longo do dia com as demais tarefas.

As tarefas não completadas são priorizadas no dia seguinte.

Repita isso todos os dias.

É simples, obriga a tomada de decisão, impulsiona o movimento inicial (remove as fricções que dificultam sair da inércia) e foca uma tarefa de cada vez.

A Corrente de Seinfield

O humorista Jerry Seinfield desenvolveu uma estratégia poderosa para produzir e evoluir.

Ele tinha consciência de que, para ser um bom humorista, seria necessário praticar muito e criar piadas cada vez melhores. Para isso, ele estabeleceu uma meta de escrever pelo menos uma piada todos os dias, sem exceção. Se ele perdesse um dia, a tarefa seria incluída no rol de prioridades do dia seguinte. A qualidade da piada não interessava tanto. O importante era manter a consistência e nunca quebrar a corrente.

A corrente nada mais era do que um enorme calendário que ele mantinha na parte mais visível da casa. A cada dia que ele cumpria a meta, um grande “X”, em cores vermelhas, era marcado no calendário. Segundo Seinfeld, o fato de ver a corrente ficar cada vez maior gerava um estímulo para querer continuar e nunca quebrar a corrente.

Esse método aparentemente banal é bastante efetivo no longo prazo. Sem muita sofisticação, ele incorpora várias ideias que podem servir de inspiração para quem pretende evoluir.

Em primeiro lugar, a tarefa é relativamente simples de ser executada. Como não há controle de qualidade, não há razão para deixar de fazê-la. É só escrever uma piada e pronto. Assim, a técnica cumpre um dos mais básicos requisitos no processo de formação de hábito: comece fácil.

Em segundo lugar, ela cria um senso de continuidade que produz uma satisfação imediata quando concluída e um sentimento de incômodo quando a corrente é quebrada. Com o tempo, a tarefa se tornará um hábito tão automatizado que a sua não-realização pode até mesmo provocar a crise de abstinência.

Por fim, o calendário na parede funciona como um permanente gatilho visual para estimular a continuidade do esforço e, ao mesmo tempo, para lembrar o inconsciente a permanecer pensando na próxima peça da corrente a ser encaixada. Tornar o gatilho visível é um dos componentes do processo de formação de hábitos.

E o crédito vai para… SuperAprendizagem!

A Corrente de Post-Its

Existe uma técnica muito eficiente de estudo inspirada nesse modelo Seinfeld.

Há várias versões, mas a mais simples é usar post-its para anotar as informações mais importantes que foram assimiladas ao longo do dia e colá-los nas paredes. Alguns estudantes pregam post-its plastificados até no banheiro.

Essa técnica tem muitas utilidades: (a) a preocupação em criar post-its com tópicos relevantes proporciona uma assimilação do conteúdo mais focada, engajada e ativa; (b) o preenchimento das paredes gera a sensação de continuidade, regularidade e progresso, funcionando como primings de aprendizagem; (c) o conteúdo dos post-its possibilita um mecanismo difuso de revisão. 

Adivinha de onde tirei isso? Sim, do SuperAprendizagem.

Por hoje é só!

Agora é agir… Como diria Fernando Pessoa:

“Agir, eis a inteligência verdadeira. Serei o que quiser. Mas tenho que querer o que for. O êxito está em ter êxito, e não em ter condições de êxito. Condições de palácio tem qualquer terra larga, mas onde estará o palácio se não o fizerem ali?” – Fernando Pessoa (sim, também está no SuperAprendizagem hahaha)